Guerra Civil Colombiana
- Artur Duarte e Kézia Galvão
- 20 de nov. de 2020
- 8 min de leitura
Contexto histórico
Atualmente, a Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo, abastecendo principalmente os estados unidos. E as FARC dominam 20% do território colombiano. Apesar de uma situação ainda desvantajosa em favor do tráfico. Houve a luta contra o Narcotráfico é iniciada em 1984. Na década de 90 os Estados Unidos se envolveram na guerra contra o narcotráfico, caçando líderes dos carteis. Na época do narcotraficante Pablo Escobar, Líder do carte de Medellín foi preso.
A guerra civil colombiana, é um dos conflitos mais antigos da América, tendo início em 1964, devido a atritos anteriores, como o assassinato do líder liberal Jorge Elicer Gaítan, explodindo novamente a rivalidade entre socialistas e conservadores. Á violência teve início em Bogotá se espalhando para o interior do país, levando milhares de vidas. O conflito levou partido rivais a um acordo. É os líderes conservadores deram respaldo a um golpe decidindo dessa forma que o poder deveria ser compartilhado. Mas em antemão alguns líderes liberais que viveram a violência nas décadas de 30 e 40, se mantiveram insatisfeitos com o acordo e pela disputa de poder no país, gerando uma guerra problemática sem solução definitiva, ainda visível no cenário atual. Nos anos 60, ex combatentes liberais colombianos, se juntaram e formaram as forças armadas da Colômbia popularmente conhecidas como (FARC EP) sob comando de Manuel Marulanda, com objetivo de formar um novo estado Marxista. Após as FARC, outras organizações de guerrilheiros foram fundadas como exército nacional de libertação (ELN) e o movimento revolucionário 19 de abril. Atualmente M 19, partido político. A partir dos anos 70, o Narcotráfico passou a se estabelecer como importante fator político da região, e monopolizando a produção de cocaína mundial, já fazendo parceria com as FARC.
Acontecimentos políticos
Aparecimento das FARC
Os episódios de violência se recorreram á um quadro duradouro de enfrentamentos entre diferentes grupos armados – guerrilhas insurgentes, grupos narcotraficantes, grupos paramilitares e grupos de delinquência organizada (GAO) – entre si e, também, em oposição as forças do governo. Assim a interação entre os atores envolvidos e a intensidade dos conflitos combinaram-se e se desenvolveram muitas vezes com dinâmicas distintas e temporalidades diferentes. Um dos confrontos mais conhecidos é o que ocorre entre o governo colombiano e as Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia – Ejército del Pluebo (FARC-EP) e quem tem início na década de 1960.
O surgimento das FARC-EP e o aumento da violência, política na disputa pelo poder enraizados na cultura bipartidarista, oriunda do processo de independência da Colômbia, e nos confrontos ligados às disputas eleitorais do período. O progresso da violência entre o Partido Liberal e o Partido Conservador se desdobra no período La Violencia entre, aproximadamente, os anos de 1948 e 1958. Ainda que todas as regiões do país tenham sofrido de algum modo as consequências do estado político polarizado, em sua maioria as áreas rurais foram palco da violência armada, contribuindo para o desenvolvimento de movimentos de resistência campesina ou autodefensas – embriões dos futuros movimentos guerrilheiros.
De acordo com a narrativa oficial das FARC-EP, seu surgimento deve-se à exclusão política e aos ataques do Exército Nacional contra o que ficou conhecido como “Repúblicas Independientes”, zonas criadas por camponeses retirados de suas antigas posses de terra e que por via armada se colocavam à parte do controle estatal. Formadas por Charro Negro, Manuel Marulanda e Ciro Trujillo, as zonas de colonização campesina armada reforçavam o conceito de ameaça a segurança interna no contexto de Guerra Fria. O ataque à Marquetalia e às demais colônias agrícolas, em 1964, se torna-se o principal local para a criação do grupo guerrilheiro, o porquê de a origem ter se dado nessa região estaria ligado a dois litígios históricos: a luta de indígenas pela posse da terra e a luta de reconhecimento dos direitos políticos dos campesinos.
A Conferência Guerrilheira, em 1965, forma o Bloque Sur. O nome Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) é resultado da segunda conferência guerrilheira no ano de 1966; e, o acréscimo de “Ejército del Pueblo” (-1983. Em seu estatuto, as FARC-EP se definem como um “um movimento político-militar que desenvolve sua ação ideológica, política, organizativa, propagandística e armada de guerrilha, conforme a tática de combinação de todas as formas de luta de massas pelo poder para o povo” (FARC-EP, 1993). Quase concomitante ao desenvolvimento das FARC-EP, ocorre o desenvolvimento de outros grupos guerrilheiros, sendo os mais conhecidos, o Ejército de Liberación Nacional (ELN), Ejército Popular de Liberación (EPL), Movimiento 19 de Abril (M-19) e o movimento indigenista Quintín A resposta à ascensão da mobilização social realizada pelas guerrilhas foi evidentemente militar, com a multiplicação das zonas de atuação e a consolidação territorial de grupos paramilitares como força contra insurgente, especialmente, a partir dos anos 80. A expansão do paramilitarismo combinou por causa de políticas governamentais que possibilitaram esse processo, os grupos paramilitares pertenciam a uma fronteira ambígua entre legalidade e ilegalidade, em sua maioria ajudando as forças militares. No grupo paramilitar Muerte a Secuestradores (MAS), por exemplo, uma investigação, em 1983, encontrou que 69 dos 163 membros eram integrantes das Forças Armadas (GRUPO DE MEMORIA HISTÓRICA, 2013, p. 137). A aliança dos grupos paramilitares resultou na formação da Autodefensas Unidas de Colombia (AUC), em 1995, com o objetivo de coordenar as ações contra insurgentes.
Dada a conjuntura de Guerra Fria em que vivia o sistema internacional, o resultado positivo Revolução Cubana, somado ao surgimento de organizações guerrilheiras com ideologias comunistas em território colombiano, contribuiu para que o conflito colombiano se colocasse na lógica internacional – e regional – de fonte e de combate e contenção ao comunismo. As estratégias de atuação anticomunista dos Estados Unidos no continente americano são bem conhecidas, na Colômbia, a incorporação da doutrina de segurança nacional e a tese do inimigo interno encontraram reforço na exclusão de forças políticas distintas dos partidos tradicionais, justificando as ações repressivas em favor da ordem social (GRUPO DE MEMORIA HISTÓRICA, 2013).
Narcotráfico
Para além das disputas envolvendo as questões militares e ideológicas, a consolidação da economia da droga nas regiões de atuação dos grupos armados e o desenvolvimento dos grandes cartéis – Cartel de Cali e Cartel de Medellín – promoveram o agravamento dos conflitos colombianos nos anos 80 e 90 (CAMACHO, 2011). Uma das primeiras expressões da vinculação do narcotráfico com as organizações foi o desenvolvimento do narcoparamilitarismo, de modo que os efeitos dessa aliança na luta contra insurgente tornaram mais complexa a relação entre os atores. Embora as organizações de paramilitares tivessem um caráter antissubverssivo, aliado aos interesses do Estado colombiano, se colocavam, ao mesmo tempo, como inimigas eram inimigas na luta nacional e internacional contra o narcotráfico. Ademais, a economia da droga, progressivamente, somava-se ao sequestro extorsivo como uma das principais fontes de renda para financiar a expansão territorial e militar das guerrilhas, especialmente, das FARC-EP. Os narcotraficantes têm um papel central no conflito colombiano, uma vez que forneciam os recursos econômicos para os demais atores envolvidos.
A atuação violenta do Cartel de Medellín merece destaque, uma vez que o cartel foi responsável, em 1989, por alguns dos atentados que marcaram a história da Colômbia: a explosão de um Boeing 727 da Avianca, que deixou 107 mortos, e a explosão do carro-bomba em frente ao Departamento administrativo de segurança, que deixou ao menos 63 mortos e mais de 600 pessoas feridas. A expansão dos cultivos ilícitos qualificaria a Colômbia foi e ainda é a maior produtora mundial de cocaína e a política nacional de combate ao narcotráfico passaria a ser apoiada na estratégia internacional do governo norte-americano, uma estratégia militarizada de combate à oferta que nasce na “Guerra às Drogas” e se mantém com os programas de ajuda militar do governo norte-americano aos países andinos.
O envolvimento do narcotráfico com a política colombiana e a denúncia do Cartel de Cali ter financiado a campanha presidencial de Ernesto Samper, em 1994, levou à mobilização do conceito de uma narcodemocracia para falar do país. Fato este que contribuiu para que, mesmo com a posterior desconstrução dos grandes cartéis, lembrando que a cooperação do governo americano foi vital para sanar o problema do governo colombiano em lidar com o problema das drogas e pelo progressivo envolvimento das FARC-EP com o narcotráfico. A campanha contra insurgente e a campanha antinarcóticos se transformaria em uma só e direcionaria a assistência técnica-militar norte-americana. O Plano Colômbia, em 1999, e a campanha militar em função de um plano patriota, em 2003, são exemplos da ofensiva contra as FARC-EP, que sofreria os impactos da modernização das Forças Armadas com perdas significativas de combatentes e territórios. A respeito da estratégia militarizada do período, cabe destacar as execuções extrajudiciais realizadas pelo Exército Nacional, os militares promoviam o assassinato de civis e estes eram apresentados como guerrilheiros. O escândalo que ficou conhecido como “os falsos positivos” tinha como objetivo manipular as estatísticas e mostrar resultados efetivos no combate às guerrilhas.
Enfraquecimento das FARC EP
O enfraquecimento militar das FARC-EP, a diminuição dos aportes financeiros norte-americanos após a crise de 2008, a eleição do presidente colombiano Juan Manuel Santos em 2010 e algumas mudanças na política de Defesa e Segurança, orientadas para democracia e desenvolvimento social, são alguns dos fatores que propiciaram o desenvolvimento de uma nova tentativa de resolução do conflito colombiano, por meio de processos de paz. Em 2012 foram iniciadas mesas de diálogo com as FARC-EP e, em 2014, reuniões exploratórias para o diálogo com o ELN. Os diálogos com as FARC-EP resultariam, em 2016, no acordo final e a Construção de uma Paz Estável e Duradoura firmado entre o governo e a guerrilha em Cuba. As FARC-EP foram convertidas no Partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) e passa então a atuar nos processos eleitorais desde 2017.
Problemas atuais com drogas
A entrega das armas pela guerrilha das FARC, entretanto, não garantiu o final do problema das drogas nem o fim da violência armada em território colombiano. A Colômbia continua sendo o maior produtor de cocaína do mundo, com cerca de 169.000ha de cultivo de coca no ano de 2018. Os diálogos com o ELN foram encerrados sem Acordo em fevereiro de 2019. A manutenção dos cultivos permite que as unidades das FARC-EP que se desvincularam, não aderiram ao Acordo Final, continuem atuando e que novos grupos armados organizados continuem ocupando as zonas estratégicas para operar o narcotráfico, como as Bandas Criminales (Bacrim) ou Grupos de Delincuencia Organizada (GDO). Outra questão de acordo com as estatisticas do Centro Nacional de Memória História da Colômbia, 218,094 pessoas foram mortas entre os anos de 1958 e 2012 — sendo 177,307 civis e apenas 40,787 combatentes. Outro dado capaz de mostrar a dimensão da violência gerada pelo conflito colombiano é o registro de vítimas realizado pelo governo, neste registro, 8.944.137 pessoas haviam sido vítimas direta ou indiretamente pelo conflito armado até janeiro de 2020. De acordo com o relatório da Agência da ONU para Refugiados, a Colômbia ocupa desde 2015 a primeira colocação no ranking de países com maiores vítimas de deslocamentos internos, chegando a mais de 7 milhões de pessoas internamente deslocadas.
Com respeito à manutenção da violência em tempos de “paz”, desde a firma do Acordo Final, tem-se registrado o assassinato sistemático de líderes sociais e de defensores dos direitos humanos em território colombiano, ainda que não haja consenso, uma vez que os métodos empregados para definição de “líderes” são distintos nas organizações, o Instituto de Estudios para el Desarrollo y la Paz aponta que o número de vítimas pode chegar a mais 760, entre 2016 e 2019.
Perguntas e respostas
As FARC ainda existem hoje?
R: sim.
Quais os principais crimes ainda cometidos pelas FARC?
R: crimes relacionados com o narcotráfico e somado extorsão e homicídio.
Quando se deu início a guerra civil colombiana?
R: aproximadamente em 1960 com o aparecimento de diversos grupos.
Principais grupos da guerra civil colombiana?
R: M19, AUC, FARC EP, Quintín Lame, ELN e exercito colombiano.
FONTES

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