Guerra Fria |1947 - 1991|
- Esther Argolo
- 18 de nov. de 2020
- 7 min de leitura
Contexto histórico
Tanto os Estados Unidos quanto a URSS saíram vitoriosos da Segunda Guerra Mundial, tendo lutado juntos no lado dos Aliados. Entretanto, após o fim da Segunda Guerra mundial e o fascismo e nazismo terem sido derrotados, iniciou-se uma disputa pelo poder entre as duas superpotências mundiais.
O mundo se torna bipolar, com dois grandes polos de poder: um de ideologia socialista (URSS) e o outro, capitalista (EUA), formando dois grandes blocos. O restante dos países do globo viu-se “obrigado” a escolher um dos lados para se aliar e obter proteção.
Procurando se afirmar como maior potência global, ambos iniciaram uma corrida armamentista: eles tentavam sempre superar o poder bélico de seu oponente e avançar em criações tecnológicas voltadas à guerra.
A União Soviética buscava implantar o socialismo em outros países para que pudessem expandir:
- Igualdade social, baseado na economia planificada,
- Partido único (Partido Comunista),
- Igualdade social e falta de democracia.
Enquanto os Estados Unidos, a outra potência mundial, defendia:
- Sistema capitalista, baseado na economia de mercado,
- Sistema democrático
- Propriedade privada.
Com o objetivo de reforçar o capitalismo, o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, lança o Plano Marshall, em que grandes empréstimos foram concedidos a esses países que foram atingidos pela segunda guerra mundial pudessem se reconstruir com juros baixos.
Doutrina Truman: O presidente Truman lançou, em 1947, a Doutrina Truman, com o discurso de que os Estados Unidos defenderiam os povos livres em todo o mundo [do comunismo]. Uma das primeiras ações sob esse discurso foi a ajuda monetária à Grécia e à Turquia, tendo o objetivo de expandir o poder norte-americano no Mediterrâneo.
Essa postura era uma estratégia norte-americana para evitar que as nações europeias, em função de suas relativas fraquezas, sofressem intervenções dos soviéticos, além de ser uma ação para conter possíveis movimentos e revoluções socialistas internas.
Entre os países que mais receberam ajuda dos estadunidenses, o Reino Unido lidera a lista, seguido, respectivamente, por França, Japão, Itália, Alemanha Ocidental, entre outros.
Em resposta ao Plano Marshall, a União Soviética elaborou o chamado Plano Molotov, com o igual objetivo de realizar uma ampla ajuda econômica aos outros territórios a fim de ampliar o seu espaço de influência pelo mundo. Essa ajuda financeira envolveu praticamente todos os países de influência socialista, como a Alemanha Oriental, Polônia, Bulgária, Cuba e muitos outros.
A Alemanha por sua vez, aderiu o Plano Marshall para se restabelecer, o que fez com que a União Soviética bloqueasse todas as rotas terrestres que davam acesso a Berlim. Desta forma, a Alemanha, apoiada pelos Estados Unidos, abastecia sua parte de Berlim por vias aéreas provocando maior insatisfação soviética e o que provocou a divisão da Alemanha em Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental.
QUAIS ERAM OS OBJETIVOS DOS EUA E DA URSS NA GUERRA FRIA?
A União Soviética tinha, em geral, objetivos mais tangíveis, como o território, enquanto os Estados Unidos tinham objetivos mais intangíveis, buscando estabelecer os rumos gerais da política internacional.
Assim, a URSS foi expansionista durante a Guerra Fria, aumentando seu poder de influência e os territórios sob seu domínio, utilizando-se, para legitimar sua expansão, de um discurso ideológico: a libertação das classes trabalhadoras em todo o mundo. Um outro motivo para o expansionismo soviético foi aumentar sua própria segurança frente aos Estados Unidos. Quanto maior fosse o território e a esfera de influência da União Soviética, mais difícil seria que um ataque dos EUA fosse bem-sucedido.
Os Estados Unidos enfrentaram constantemente dois dilemas durante a Guerra Fria, em relação aos seus objetivos. O primeiro dilema foi decidir se combatiam o expansionismo soviético ou a expansão do comunismo. Em alguns casos, foi necessário tomar uma decisão entre um e outro. Um exemplo pode ser encontrado no rompimento da Iugoslávia, comunista, com a URSS. Nesse caso, os EUA decidiram auxiliar um governo comunista e autoritário, para evitar a expansão soviética. Outro dilema que o país enfrentou foi se deveria buscar prevenir toda e qualquer expansão do poder soviético ou apenas intervir nas áreas que fossem cruciais para o equilíbrio de poder. A intervenção na Guerra do Vietnã, por exemplo, seria posteriormente considerada por muitos um erro de cálculo.
VIETNÃ E COREIA
Apesar da rivalidade e tentativa de influenciar outros países, os Estados Unidos não conflitou a União Soviética (e vice-versa) com armamentos, pois os dois países tinham em posse grande quantidade de armamento nuclear, e um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, possivelmente, da vida em nosso planeta. Pelo fato de não ter tido uma guerra direta entre as superpotências, é chamada de “fria”. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coreia e no Vietnã.
Guerra da Coreia : Entre os anos de 1951 e 1953, a Coreia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coreia sofre pressões para adotar o sistema socialista em todo seu território. A região sul da Coreia resiste e, com o apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão da Coreia no paralelo 38. A Coreia do Norte ficou sob influência soviética e com um sistema socialista, enquanto a Coreia do Sul manteve o sistema capitalista.
Guerra do Vietnã : Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista.
Bomba atômica e Partido Comunista na China: em 1949, a União Soviética detonou sua primeira bomba atômica, deixando os líderes norte-americanos em alerta. No mesmo ano, o Partido Comunista chegou ao poder na China (menos na ilha de Taiwan). A OTAN, aliança militar liderada pelos EUA, é oficialmente criada também em 1949. Em 1955, a URSS responderia à criação da OTAN com sua própria aliança militar: o Pacto de Varsóvia, que contava com os países socialistas do Leste Europeu.
Em 1949, os Estados Unidos juntamente com seus aliados criam a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que tinha como objetivo manter alianças militares para que estes pudessem se proteger em casos de ataque, que ainda existe e é uma das instituições mais poderosas da atualidade. Em contra partida, a União Soviética assina com seus aliados o Pacto de Varsóvia que também tinha como objetivo a união das forças militares de toda a Europa Oriental. Essas organizações funcionavam da seguinte forma: caso um de seus países-membros fosse atacado, as demais partes deveriam imediatamente intervir ou enviar ajuda. Isso colaborou para a emergência dos vários combates indiretos que ocorreram durante esse período.
Entre os aliados da Otan destacam-se: Estados Unidos, Canadá, Grécia, Bélgica, Itália, França, Alemanha Ocidental, Holanda, Áustria, Dinamarca, Inglaterra, Suécia, Espanha. E os aliados do Pacto de Varsóvia destacam-se: União Soviética, Polônia, Cuba, Alemanha Oriental, China, Coreia do Norte, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Albânia, Romênia.
Com essas ações e intervenções por parte dos dois blocos de poder, houve uma divisão do espaço territorial mundial, que se deu de modo mais concentrado nos países da Europa, que protagonizou a chamada Cortina de Ferro, que dividia os territórios socialistas dos capitalistas.
AS CORRIDAS ARMAMENTISTAS E ESPACIAIS
O principal elemento em disputa era a hegemonia militar e tecnológica. Nesse sentido, os dois países envolveram-se em uma cega corrida para decidir qual das duas potências possuía maior quantidade de armamentos e tecnologias nucleares, bem como os melhores programas e conquistas espaciais.
No plano militar, os Estados Unidos, desde o final da Segunda Guerra Mundial, dominavam a produção e o uso da bomba atômica, como as que provocaram a destruição das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Tempos depois, em 1949, a União Soviética também anunciava o seu domínio sobre a tecnologia nuclear.
No plano espacial, foi a União Soviética quem deu a largada. Em 1957, foi lançado pelos soviéticos o primeiro satélite espacial construído pelo homem, o Sputnik. No mesmo ano, entrou em órbita o Sputnik 2, que consistiu na primeira viagem ao espaço tripulada por um ser vivo (no caso, a famosa cachorra Laika). Para completar as façanhas, os socialistas também foram os primeiros a fotografar a superfície da Lua (em 1959) e os primeiros a enviarem um ser humano ao espaço, em 1961.
Dessa forma, no ano seguinte, 1962, os Estados Unidos conseguiram, finalmente, responder à altura com o primeiro voo espacial ao redor da Terra. Já em 1969, ocorreu a tão sonhada visita à Lua pelos Estados Unidos, na missão operada pelos tripulantes da Apolo 11.
Apesar de alguns acordos assinados, principalmente no plano militar, as corridas armamentista e espacial, segundo a maioria dos analistas, só conheceram o seu fim com a crise soviética e o fim da Guerra Fria, ao final de década de 1980 e início da década de 1990.
FIM DA GUERRA
A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas.
No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.
A corrida armamentista tornou-se também nuclear: os Estados Unidos possuíam a tecnologia desde 1945, e a URSS realizou seus primeiros testes em 1949.
Outro meio em que a disputa ocorreu de modo muito claro foi no espaço: a conhecida corrida espacial. Os soviéticos contaram com algumas vitórias iniciais: lançaram o primeiro satélite artificial (1957), o primeiro foguete tripulado com um ser vivo (1960) e mesmo o primeiro voo espacial tripulado por um humano (1961). Entretanto, a chegada do homem à lua, realizada pelos Estados Unidos em 1969, foi o ápice dessa corrida.
Um dos maiores símbolos da Guerra Fria foi o muro de Berlim. Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida entre quatro vencedores: França, Inglaterra, Estados Unidos e URSS. Os países capitalistas fizeram uma nova aliança e estabeleceram seu domínio sobre a Alemanha Ocidental. A URSS não aderiu à aliança e passou a ter influência direta sobre a Alemanha Oriental. Em 1961, foi erguido um muro separando as duas partes da cidade em capitalista e socialista: o muro de Berlim, que somente seria desmantelado ao final do conflito.
https://globoplay.globo.com/v/8073411/ (Vídeo sobre a queda do muro de Berlim.)
EXERCÍCIO

1 – Sistema econômico baseado na economia de mercado e propriedade privada.
2 – Sistema econômico defendido pela união soviética, que pregava a igualdade social.
3 – Plano que concedia grandes empréstimos para países que foram atingidos pela segunda guerra mundial.
4 – País que foi dividido em dois: um norte (socialista) e um sul (capitalista).
5 – País que envergonhou os Estados Unidos, e passou a ser socialista.
GABARITO
1 – CAPITALISMO
2 – COMUNISMO
3 – MARSHALL
4 – COREIA
5 – VIETNÃ
REFERÊNCIAS
Comments